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sixteen

September 19, 2010

Mãos sozinhas são desajeitadas. Não é andar que faz com que elas sejam assim, é até pior quando você senta. Em pé você pode colocar pelo menos uma delas no bolso, ou na cintura. É, o natural é deixá-las penduradas nos seus braços mesmo, paralelas ao corpo. Só que quando não se está fazendo nada, você acaba reparando que suas mãos estão ali, ociosas. E em tentativas desesperadas de tentar dar tarefas para suas próprias mãos, você só acaba se desapontando.

Dá pra coçar a barba, ou a cabeça. Algumas garotas brincam com o cabelo. Algumas pessoas roem as unhas, isso também é uma atividade reserva pras mãos. Estalar os dedos, o que aliás, não engrossa porcaria de junta nenhuma. Não torra o saco e ouve o barulho aí. Dá pra tamborilar os dedos em alguma superfície ou mesmo no joelho. Sentado não dá pra colocá-las no bolso, não parece certo. Levantá-las só dobra os problemas, meus sinceros pesares pra quem vive louvando aos seus deuses. Isso em um ângulo de 180 graus. Se for 90 graus, só serve se você for uma múmia ou zumbi. Pelo menos eles não precisam pensar no que fazer com as mãos, seus cérebros já se degeneraram, ou ao menos estão no processo. Urrrrrrrrghhhhhhhhhh. Incoerência onomatopéica.

No metrô quase sempre me apoio em alguma das barras, mesmo que eu já tenha adquirido a habilidade de ficar em pé ali. E ainda assim não consigo descobrir daonde é que sai aquele tanto de graxa. Todo dia que eu pego o metrô eu acabo com graxa na ponta de uns dois ou três dedos. Pensei que fosse no canto das barras, nas junções. Todo dia eu tenho que lavar ou acabo parecendo um engraxate. Acho que engraxates nem existem mais, antigamente as praças da minha cidade natal eram cheias deles. Agora provavelmente ninguém para mais pra alguém engraxar os sapatos com medo de ser assaltado. Ter um dos sapatos roubados deve ser até pior do que a carteira toda, mas deve ser engraçado pra caralho. Quando não acontece com você, claro. É uma desgraça que não tem problema de dar algumas risadas, até quem sofre um assalto do tipo acaba perdoando. Trombadinha de sapatos. Enfim. Não dá certo não ser aleatório, continuo indo de assunto à assunto.

Não é como se fossem as pernas. Suas pernas estão sempre te sustentando, exceto quando estão em repouso. Superman não conta, ele não é daqui. Você anda, suas pernas são as responsáveis. Suas mãos são levadas junto com os braços, por razões de equilíbrio, eu acho.  Quer dizer, dá pra andar com elas coladas no corpo, mas te faz parecer um imbecil. Não é um problema para, sei lá (fingindo que não tenho isso na ponta dos dedos), o bom e velho cabeça de teia, Spider-Man. Tá certo que ele não tem os oito membros de uma aranha, mas ele vive com os quatro ocupados. Já o Peter Parker sofre do resto, e sabe do que eu estou falando. Assim como o Doc Ock.

Uma mão só não é problema. Desde que você encontre algo pra fazer com uma delas, a outra deixa de ser um mero reflexo. Uma irmã, parte da simetria padrão do nosso ser. Mantendo uma ocupada, a outra pode ficar ali pendurada sem problema algum.

Talvez seja esse um dos motivos pra que duas mãos diferentes sejam tão bem feitas uma pras outras. Talvez seja por isso que dedos se entrelacem tão perfeitamente.

Acho que o mais estranho desse post é a combinação que acabou resultando nele, ouvir Explosions In The Sky enquanto lia XKCD. E sim, aqui as peças do quebra cabeça sempre acabam se encaixando, acabei de relacionar dois posts.

Talvez isso aconteça porque a cabeça quebrada é a minha.